O conflito entre Israel e Palestina talvez seja um dos que os ocidentais achem mais difíceis de entender. Distâncias culturais e territoriais do Oriente Médio e a longa tarefa de voltar aos períodos mais antigos da sociedade são alguns dos fatores que tornam essa missão um tanto complicada. .
A Palestina
O território palestino é uma região localizada no Oriente Médio. Ela não é um país e passou a ser chamado assim quando no segundo século o imperador romano Adriano esmagou uma revolta dos judeus e mudou o nome da região de Judeia para Palestina. O novo nome era para provocar os judeus, já que se chamaria de um som pela qual lembrava o nome de um antigo inimigo de Israel: os Filisteus.
Séculos se passaram e o controle da Palestina passou pelas mãos de diversas potências: Roma, o Império Islâmico, Mamelucos, Otomanos, britânicos etc.
Os judeus sempre tiveram uma ligação com a região, afinal, ali foi o reino de Israel por muitos séculos e onde estava a cidade de Jerusalém, a sede do Templo judaico, cujo primeiro prédio foi inaugurado por volta de 1005 a.C., um dos principais símbolos da religião judaica.
Apesar de terem sido expulsos de Israel pelos romanos no segundo século, os judeus jamais saíram da região completamente. A presença maciça do grupo só voltou no século XIX, quando os judeus vítimas do antissemitismo passaram a comprar terras inabitadas do local para fugirem da perseguição na Europa. Também, ao longos dos anos, a presença de árabes aumentou na região, principalmente após a expansão do Império Islâmico. A convivência entre árabes e judeus dependia muito de quem controlasse a região.
No fim do século XIX, um critico literário chamado Theodor Herzl liderou um movimento chamado sionismo. Ele passou a lutar por uma nação para abrigar os judeus contra as perseguições sofridas no mundo, principalmente na Europa.
Em 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Império Britânico, que detinha o controle da Palestina, criou um comitê para a partilha da região em dois estados após o fim do mandato britânico: um judeu e um árabe, enquanto as cidades de Jerusalém e Belém ficariam sob controle internacional.
A criação do Estado de Israel teve apoio do presidente dos Estados Unidos, Henry Truman, e do ditador soviético, Joseph Stálin. O Brasil também foi essencial para o estabelecimento de Israel como Estado. O diplomata brasileiro Oswaldo Aranha presidiu em sessão na Assembleia Geral da ONU e apoiou a partição da Palestina britânica em dois estados: o de Israel e um Árabe. Além do mais, ele fez um lobby positivo para a criação de Israel.
No entanto, a criação do novo Estado teve resistência árabe, que queria o controle total da região. As tensões geraram conflitos e levaram a morte de muitas pessoas.
Os árabes na região alegavam que o aumento da migração judia para a região era fruto da interferência das potências ocidentais na região, muitas das vezes para massacrar os moradores locais. A chegada de judeus, para muitos árabes, era uma forma dos impérios ocidentais aumentarem o seu poder e influência na região. Alguns muçulmanos acreditam que o estabelecimento de Israel é uma demonstração clara da decadência da sociedade islâmica. As derrotas sofridas seriam uma consequência dessa sociedade se afastar de Alá.
Um outro argumento existente é de que os europeus se livraram do "problema judeu". Nos séculos anteriores, popularizou-se o anti-semitismo no continente. Para se livrar do problema, as potenciais ocidentais, encabeçadas pela Grã-Bretanha, facilitaram a saída de judeus da Europa rumo a região Palestina. A perseguição organizada pelos nazistas e fascistas seriam mais um exemplo da perseguição ao povo judeu que aumentou a imigração à região.
Após a aprovação da criação do Estado de Israel, os árabes da região, por se sentirem lesionados, entraram em guerra com Israel, que foi apoiado pela União Soviética. Os árabes perderam a guerra e Israel aumentou em 20 mil quilômetros quadrados o seu território.
Já o lado sionista, argumenta que os judeus começaram a povoar a Palestina no século XIX em decorrência do anti-semitismo na Europa. A terra não era cheia e os recém chegados compraram terras de proprietários ausentes, principalmente de otomanos, e de especuladores imobiliários. Em muitas das vezes não havia moradores no território.
Os judeus nunca se retiraram por completo da Palestina. Milhares deles, mesmo após a expulsão dos romanos e perseguição dos cruzados e muçulmanos, mantiveram-se em cidades como Jerusalém, Hebron, Safed e Tiberíades. Havia uma forte presença judaica também em Jafa, Gaza, Jericó, Cesária etc.
Além de fugirem da Europa em decorrência o anti-semitismo, o que também motivou a ida dos judeus para a região é o seu laço histórico e religioso com a terra palestina. Muito provavelmente entre os séculos XXI e XVIII a.C., o patriarca Abraão foi chamado por Deus para dar uma início a uma grande nação e possuir uma terra. Séculos depois, seus descendentes foram escravizados no Egito, e, quando libertos, migraram rumo à Palestina, onde deram início a nação de Israel. Após séculos de independência ou de controle dos impérios da época, Israel ou destruído pelo Império romano no século I. Uma parcela de judeus se espalhou pelo mundo e outros continuaram na região. Além do simbolismo histórico, a região contém cidades importantes para Israel, como Jerusalém, a sede do Templo e a capital do antigo reino de Israel.
Tudo entrou em seu clímax quando 1967, Egito, Jordânia, Iraque e Síria resolvem entrar em guerra contra Israel. Os árabes perderam a guerra e Israel aumentou o seu controle na região. Sua maior conquista foi a cidade de Jerusalém.
As rivalidades aumentaram, até que em 1993, o na época presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, mediou o chamado acordo de Oslo entre o governo de Israel e o presidente da Organização pela Libertação da Palestina (OLP). Neles ficariam combinados: a retirada das forças armadas israelense da Faixa de Gaza e Cisjordânia, assim como o direito dos palestinos ao auto-governo nas zonas governadas pela Autoridade palestina; o governo palestino duraria cinco anos, de maneira interina, durante os quais o status seria renegociado (a partir de maio de 1996); questões referentes a Jerusalém, refugiados, assentamentos israelenses nos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, segurança e fronteiras; o autogoverno seria dividido em: Área A - controle total pela Autoridade palestina. Área B - controle civil pela Autoridade palestina e controle militar pelo Exército de Israel. Área C - controle total pelo Governo de Israel; e Acordo de Paz. No ano seguinte, o primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin morreu e o seu sucessor não deu continuação aos tratados estabelecidos.
Em 2000, Clinton tentou novamente fazer os tratados de paz entre a OLP e Israel. Desa vez, Arafat negou qualquer tratado. Israel ofereceu uma grande parte da Cisjordânia, terras de Negev, mas mantendo grandes assentamentos em Jerusalém Oriental. O autor do livro O Filho do Hamas, o palestino Mosab Hassan Yousef e o professor de Harvard Alan Dershowitz afirmam que Arafat não aceitou os tratados porque, caso aceitasse, ele perderia muito poder e dinheiro. Eles ainda afirmam que as lideranças palestinas se opõe aos tratados de paz porque perderão o sentido de sua existência e consequentemente dinheiro e poder.
Comentários
Postar um comentário