O MDB, antigo PMDB, possui uma longa trajetória na história da política brasileira. Esteve presente na oposição aos governos militares e foi protagonista no processo de redemocratização do país. Sua atuação na política continuou importante nas décadas de 1990, 2000 e 2010 com as lideranças do Senado e Câmara dos Deputados.
Atualmente, o partido, que já liderou as duas casas do poder legislativo brasileiro por diversas vezes deixa, um triste legado para a sua história: a corrupção. Nomes importantes como Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e Pezão estão presos. Outros como Michel Temer, Eunício de Oliveira e Renan Calheiros são alvos de várias acusações de corrupção. Dos três, os dois primeiros não se reelegeram. O terceiro além de continuar no Senado, tentará, mais uma vez, a presidência da Casa na eleição do dia 1 de fevereiro.
Para o coordenador da força tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público de Curitiba, Deltan Dellagnol, a volta de Renan Calheiros à presidência do Senado não seria bom para o país. Em seu Twitter, o procurador afirmou que a "Decisão d Toffoli favorece Renan, o q dificulta a aprovação de leis contra a corrupção, pois a presidência do Senado decide pauta (o que e quando será votado) Diferentemente d juízes em tribunais, senadores são eleitos e têm dever de prestar contas. Sociedade tem direito de saber".
A preocupação da Lava Jato pela possível vitória do medebista é compreensível, afinal, ele é alvo de 14 procedimentos criminais por atos como lavagem de dinheiro e corrupção. Muito provavelmente agirá de acordo com os seus interesses, algo que ele já tentou em outras oportunidades. Para escapar das investigações, Calheiros, após deixar a presidência do Senado em 2017, tentou assumir o Ministério da Justiça, pasta em que a Polícia Federal está subordinada. Tudo justamente quando a Operação Lava Jato avançava contra as forças políticas e delações premiadas citavam o seu nome como beneficiado de práticas ilícitas.
Na Lava Jato, Renan Calheiros foi citado em quatro inquéritos na delação da Odebrecht e, de acordo com a Polícia Federal, teria recebido 3 milhões de dólares em propina do dono da cervejaria Itaipava.
As ações de senador não são por si só suspeitas. Algumas de suas declarações parecem mostrar em qual lado ele está. Ele, junto com o presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu o perdão a quem tenha feito caixa 2.
O Ministério Público também está preocupado com o senador por causa de atuações recentes no legislativo. Em 2016, quando o órgão mandou ao Congresso as 10 medidas contra a corrupção, os deputados federais desfiguraram bastante o projeto. O medebista tentou colocar logo no dia seguinte, de forma urgente, a votação do projeto mesmo ele estando desfigurado, sem chances dos senadores tentarem reverter qualquer ação do congressistas.
Como bem observou Fernando Gabeira em sua coluna no jornal O Estado de São Paulo, "Renan é a esperança que resta a alguns adversários da Lava Jato. Em vários momentos já demonstrou sua oposição a Sergio Moro".
Publicado em Renova Mídia
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