Por que o Brasil entrou em crise?



A década 2000 foi um período de otimismo. Controlada a inflação por causa do Plano Real e os gastos públicos através Tripé Macroeconômico, realizadas as reformas bancárias e vendidas algumas estatais, o Brasil saia de uma década de pesadas reformas para um de seus melhores momentos. 

O mundo crescia economicamente. Porém, em 2008, o setor bancário norte-americano entrou em crise e atingiu todo o globo. O governo brasileiro então resolveu abandonar o tripé-macroeconômico, iniciado no governo Fernando Henrique Cardoso na década de 1990. Este tripé se baseava em: câmbio flutuante, ou seja, a compra e venda de moedas é feita pela lei da oferta e procura; superávit primário, quando os gastos públicos são menores que a arrecadação; e metas de Inflação, quando trabalha-se com regime de metas para manter a inflação em níveis não altos trazendo a confiança para os investidores. 

Para combater os efeitos da crise, o governo Lula anunciou uma nova matriz econômica:  perseguição de uma taxa de juro baixa, ou seja, uma política monetária expansionista que incentivava o consumo; busca por taxa de câmbio competitiva quando o real era desvalorizado para ficar competitivo no mercado; maior participação do Estado na economia, onde o governo interviria mais no mercado para incentivar a produção e consumo, a fim de amenizar os efeitos da crise externa.

Em dezembro de 2012, o governo federal anunciou uma nova política econômica através do secretário de Política Econômica, Márcio Holland, cujos três pontos eram: taxa de juros baixa (o governo Dilma começou com taxas de Selic a 10,75% ao ano, depois subiu para 12% e chegou a marca de 7,25%); taxa de câmbio competitiva; e consolidação fiscal amigável. O programa era praticamente o mesmo do anterior

Dentro deste novo programa, o governo desonerou os impostos de grandes empresas e aumentou os gastos públicos para aquecer o mercado. As contas públicas desajustaram e, após anos, o Brasil voltou a gastar mais do que arrecadava. O especialista em finanças públicas Mansueto Almeida disse em 2015: "Errado foi o que a gente fez nos últimos quatro anos". Ele disse mais:


"De 1991 a 2014, a despesa primária do governo central cresceu 9 pontos de porcentagem do PIB, um aumento da despesa da ordem de R$ 512 bilhões, dos quais 86% decorrentes da expansão de programas de transferência de renda: Benefício Mensal de Prestação Continuada, seguro-desemprego e abono salarial, Bolsa Família, INSS e aposentadorias de servidores públicos. Essa tendência foi agravada nos últimos três anos com a criação de novos programas, em especial, subsídios setoriais, subsídios para o Minha Casa Minha Vida e desoneração da folha de salários.Há hoje na economia brasileira dois grandes problemas. No curto prazo, a despesa do governo central continua crescendo acima da sua receita, o que significa que o resultado continua deficitário. A meta de 2% do PIB de superávit primário até 2018 exigirá que o setor público arrecade R$ 200 bilhões a mais do que no ano passado.No longo prazo, regras para previdência (INSS), educação e saúde sinalizam um crescimento da despesa (% do PIB). Controlar o crescimento do gasto público significa modificar as regras que determinam a dinâmica da despesa. No caso da previdência, dado o envelhecimento da população, é necessário o estabelecimento de uma idade mínima para aposentadoria".
O Brasil historicamente escolheu o Estado como principal impulsionador do desenvolvimento econômico. A partir de 2008, essa forma de gerir a economia brasileira se aprofundou. Ao passar dos anos, a despesa primária cresceu, abocanhou grande parte dos gastos públicos enquanto a arrecadação diminuía. Faltaram recursos para investimentos e outras áreas. Aumentar impostos foi uma solução. Porém, ela diminui o poder de compra e prejudica as empresas. As companhias privadas então poderiam ocupar o lugar do governo, entretanto, o país não é um dos mais fáceis do mundo para se empreender, conforme apontam os dados do Banco Mundial. O economista Marcos Lisboa também afirmou que o protecionismo excessivo nas empresas brasileiras também colaborou para essa situação.

A política de protecionismo não é algo novo no Brasil. Desde a década de 1960, com a industrialização brasileira. A medida se aprofundou no período pós-crise de 2008 através do aumento das tarifas de importação, crédito barato via BNDES e subsídios. As ações visaram proteger empresas pouco competitivas, na avaliação do Instituto Mises Brasil. O órgão também afirmou que:


"O Instituto Mises Brasil observou em um post de novembro de 2010 que, de maio de 2009 a setembro de 2010, houve uma expansão de 25% do crédito. Não por coincidência, em 2010, a econômica do Brasil cresceu 7,5%, mas isso não se deveu, como bem se sabe agora, a ganhos de produtividade. Olhando em retrospecto e levando em conta toda a má alocação de capital gerada por essa expansão do crédito, o instituto escreveu em fevereiro deste ano que "o que realmente aconteceu é que a economia brasileira foi mantida animada por novas e crescentes doses de crédito estatal". O crédito do BNDES era barato para as empresas politicamente bem relacionadas, as quais o governo queria impulsionar. Mas isso teve custos para o país.Parte desse crédito subsidiado também foi direcionada para as famílias. Segundo o Instituto Mises Brasil, atualmente, o endividamento das famílias é de mais de 45% da sua renda acumulada em doze meses [gráfico 8]. Atualmente o maior programa de financiamento imobiliário do governo [Minha Casa, Minha Vida] tem uma taxa de inadimplência de quase 22%. Para salvar os empréstimos subsidiados concedidos às grandes empresas nacionais, o governo elevou as tarifas de importação e impôs o uso de insumos "made in Brasil". Isso afetou a inovação e o desenvolvimento. Grandes reservas de petróleo não serão exploradas enquanto os investidores estiverem paralisados por regras que exigem que o seu equipamento seja fabricado nacionalmente."
A política falhou. Os principais nomes das grandes empresas estão presos por casos de corrupção. Eike Batista e Marcelo Odebrecht foram alguns deles.

Neste período, quem também sofreu com a péssima administração dos governos petistas foram as estatais. Uma delas foi a Eletrobras. A ex-presidente Dilma Rousseff quando decidiu diminuir as tarifas das contas de luz na base da canetada desarranjou o setor elétrico. A Eletrobras perdeu valor de mercado, teve prejuízos financeiros e, de quebra, no período, a quantidade de chuvas diminuiu enquanto o consumo subiu.

A Petrobras foi outra estatal que sentiu de perto os efeitos da crise e que proporcionou ao país um momento difícil. Com a política de controle de preços do combustível da ex-presidente Dilma, para não perder a eleição em 2014, as contas da petrolífera se desajustaram. Segundo o doutor em finanças Alan Ghani, se a ex-presidente não tivesse abandonado essa medida, muito provavelmente a Petrobras teria quebrado. Se a política não fosse adotada, os preços teriam crescido em proporções maiores durante os governos petistas.

Com o fim do controle dos preços dos combustíveis, a inflação chegou a ultrapassar a marca dos 10%. Os gráficos a seguir, feitos pelo jornal Gazeta do Povo, mostram a situação da Petrobras.





A diminuição da taxa de juro na base da canetada para incentivar a economia também foi outro fator. Economistas afirmam que o governo da ex-presidente Dilma demorou muito para subir o juro novamente como forma de combater a inflação. Outros afirmam  que a medida gerou uma demanda que não condizia com a realidade.

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